quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A FILOSOFIA É O SABER POR EXCELÊNCIA





No primeiro capítulo do livro1 da Metafísica, Aristóteles discorre acerca de determinados graus de conhecimento, os quais estão distribuídos entre as espécies de animais. Alguns animais são providos de sensação, mas não de memória, outros têm sensação e memória, mas não possuem experiência, e finalmente, na espécie humana, encontram-se todos esses graus de conhecimento acrescidos da capacidade de raciocínio e arte.
A experiência aparece como um fator mediador entre a memória e a arte, visto que propicia, através de repetidos casos, o poder de fazer um juízo universal. Pois se por 10 vezes que ponho lenha no fogo ela queima, certamente sei que na 11º ela também queimará, e isso é do âmbito da arte. A experiência me diz que a lenha que utilizei queima no fogo, porém não me garante que todas as lenhas que por no fogo queimarão, pois a experiência possui o conhecimento dos singulares, mas a arte o dos universais.
O conhecimento da esfera da experiência, ou seja, o conhecimento empírico, desconhece os motivos ou causas que fazem com que a lenha queime, mas apenas sabe que ela queima, enquanto que o homem de arte conhece as causas específicas que agem para que a lenha queime. Quem é mais filósofo, ou seja, quem conhece mais, aquele que sabe o fato ou o que sabe as causas do fato? Certamente quem conhece as causas, e só este é que pode ensinar, e é evidente que quem pode ensinar é mais sábio que aquele que não pode. Por conseguinte a arte é mais ciência que os conhecimentos empíricos, ou seja, que a experiência.
Porém, a arte é um conhecimento parcial da realidade. Pois ela não conhece as causas da totalidade do real, mas apenas as causas relativas ao seu campo específico de atuação. As artes se multiplicaram em razão das necessidades que surgiam, mas também pelo fato da satisfação que causavam aos homens, e sempre as artes que visavam simplesmente a satisfação eram consideradas superiores que as primeiras, tendo em vista que sua ciência não se sujeitava ao útil. Deste ponto, se entrevê que a verdadeira sabedoria não é uma ciência prática, mas ao contrário, uma ciência teorética, a qual conhece as causas primeiras e possui o conhecimento do universal. E a filosofia aparece como a mais indicada para ocupar este cargo.
A filosofia é o saber por excelência, pois quem a busca não o faz tendo em vista à utilidade, mas ao saber. Com efeito, quem faz filosofia é tomado pelo espanto e admiração por aquilo que desconhece, deste modo procura unicamente o saber para fugir à ignorância, e não em busca do que lhe é útil. O conhecimento filosófico tem seu fim nele mesmo, pois é livre e não está subordinado à utilidade. Ela é a ciência do sumamente conhecível, pois é da sua alçada o conhecimento dos primeiros princípios e das causas, portanto não é uma ciência dependente de outras, mas é a primeira de todas e dela depende todo saber. Ela é a ciência mais genérica, pois trata das causas e princípios, abrangendo todos os indivíduos contidos em seu exame, podendo-se falar numa ciência do universal.
Portanto a filosofia é dentre todas as ciências a que mais merece o título de sabedoria.
Barbosa R.S