domingo, 8 de fevereiro de 2009

Delírio

Olhos desvairados, que olham sem olhar. Cabelos desgrenhados, sem orgulho, sem vaidade. Ego imiscuído com o mundo, com o universo - isso não se pode chamar de eu. Passam, passam de novo de volta. Quem diria que descobrira que o sentido de tudo é não ter sentido algum! Que é absurdo mesmo. Deveras absurdo! É impronunciável, - não quer lhes fazer o mal! Ou quem sabe o bem, não quer lhes fazer nada- por isso nada diz e se resigna como se fosse um deus que se esconde, pois seria terrível se o achassem. Pensava assim às vezes...
Percebera que a lógica que rege o universo é una, como se fora um filósofo grego, mas sem saber ao menos que o que pensou já fora pensado. Prova de que a lógica é una.
Tudo se nutre.
Tudo descansa.
Tudo morre!
A energia que movia seu corpo era a mesma que movia o cosmo inteiro. E não achava que fosse algo espiritual ou coisa religiosa, não! Era coisa bastante diversa. Também não era ciência, pois acreditava que a ciência, em última análise, não diferia da fé ou do mito. Não queria forjar verdades para não sofrer, não queria se conformar. Era uma angústia perene, pois havia encontrado a verdade... Mas se regozijava, pois no final das contas tinha coragem, sentia-se forte, “Trespassa-me uma dor no peito, feito a lâmina fria de uma espada, mas era ela que eu cortejava! Ando com uma adaga que perfura meus olhos e, por isso, não vejo nada além do último brilho ofuscante que vislumbrei no seu sorriso de aço. Mas era só o que eu queria ver...”
A verdade ele me disse qual era, querem saber? Será que vocês não têm a curiosidade de Pilatos?! Na verdade eu acho que não têm! Mas aí vai a verdade inefável que este Louco me contou quando por ele passei. Puxou-me pela calça com suas mãos sujas e olhou-me como se fosse um ícone barroco. Senti em seu olhar o sabor de saber o que ninguém sabe, o olhar da jumenta de Balaão (certamente apanhara como a jumenta, e também sentia medo). Enfim, ele me disse:
“HOMEM, ESCUTE COM ATENÇÃO, NÃO EXISTE ISSO QUE CHAMAM DE VERDADE!