segunda-feira, 26 de julho de 2010

Le justice dans epicurisme


Il affirmait encore que la «justice n'existe pas en soi. Elle n'existe que dans les contrats mutuels, et s'établit partout où il y a engagement réciproque de ne point léser et de ne point être lésé.» Point de société, point de droit: «À l'égard des êtres qui ne peuvent faire de contrats, il n'y a rien de juste ni d'injuste. De même pour les peuples qui n'ont pas pu ou n'ont pas voulu faire de contrats.» Il disait encore que «s'il pouvait y avoir des contrats entre nous et les animaux, il serait beau que la justice s'étendît jusque-là». La justice est donc fondée par la convention et la convention a pour objet l'utilité réciproque. Nous retrouverons plus tard ces principes dans l'histoire de la politique moderne. Hobbes en construira le système de la manière la plus savante et la plus conséquente.

PAUL JANET, Histoire de la science politique dans ses rapports avec la science morale, Paris, Félix Alcan, 1887.

Tradução :

A justiça no epicurismo

Ele (Epicuro) afirma ainda que a “justiça não existe em si mesma. Ela só existe nos contratos mútuos, e se estabelece por toda parte onde há compromissos recíprocos de não lesar e não ser lesado”. Item da sociedade, questão do direito: “No que diz respeito aos seres que não podem fazer contratos, não há nada de justo nem de injusto”. “Do mesmo modo para as pessoas que não tem podido ou não tem querido fazer contratos.” Ele dirá ainda que “poderia haver contratos entre nós e os animais, seria belo que a justiça se estendesse até lá”. A justiça é, pois, fundada pela convenção e a convenção tem por objeto a utilidade recíproca. Nós reencontraremos mais tarde esses princípios na história da política moderna. Hobbes construirá o sistema de maneira mais douta e mais conseqüente.

domingo, 18 de julho de 2010

Sentenças Vaticanas


Apenas três textos completos do filósofo Epicuro de Samos (341- 270 a.C) chegaram até nós, a saber, a carta endereçada a Heródoto, que juntamente com a carta a Pítocles buscam resumir o conteúdo relacionado ao saber sobre a physis, e a carta a Meneceu que veicula o saber ético. Esses textos estão incluídos na obra de Diógenes Laércio intitulada "Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres", obra que contém dez livros e que teve o último reservado para o filósofo de Samos. Nesse livro encontramos o testamento de Epicuro, vários comentários e escólios feitos por Diógenes Laércio, que talvez tenha sido um epicurista, e também um fragmento de uma carta endereçada a um amigo e discípulo chamado Idomeneu. A obra termina, então, com uma série de máximas de Epicuro que contam o número de quarenta.

Por muito tempo esses eram os únicos textos de Epicuro, porém, em 1888 foram encontrados no Códice Vaticano grego oitenta e uma sentenças que chamamos, por isso, de Sentenças Vaticanas. Algumas dessas sentenças já se encontravam inseridas nas máximas que foram veiculadas por Diógenes Laércio, porém muitas eram inéditas.

Eis algumas dessas Sentenças Vaticanas de Epicuro:

23 Toute amitié est par elle-même désirable ; pourtant elle a eu son commencement de l’utilité.

Tradução:

Toda amizade é por ela mesma desejável; no entanto ela tem seu início na utilidade.

28 Il ne fault approuver ni qui est trop prompt à l’amitié, ni qui est trop lent : car il faut être prêt même à s’exposer hardiment au danger, en faveur de l’amitié.

Tradução:

Não se deve aprovar nem quem é muito rápido para a amizade nem quem é muito lento: porque se deve estar pronto mesmo para se expor audaciosamente ao perigo, em favor da amizade.

34 Nous ne recevons pas autant d’aide, de la part des amis, de l’aide qui nous vient d’eux, que de la confiance au sujet de cette aide.

Tradução:

Nós não recebemos tanta ajuda, da parte dos amigos, da ajuda que nos vem deles, que da confiança no sujeito dessa ajuda.

39 N’est ami ni celui qui cherche toujour l’utile, ni celui qui jamais ne le joint à l’amitié : car le premier, avec le bienfait, fait trafic de ce qui se donne en échange, l’autre coupe le bon espoir pour l’avenir.

Tradução:

Não é amigo nem aquele que busca sempre o útil, nem aquele que jamais não o ligou (o útil) à amizade: pois o primeiro, com o benefício, faz tráfico do que se dá em troca, o outro retira as boas esperanças para o futuro.

43 Aimer l’argent en enfreignant la justice est impie, sans l’enfreindre est laid: car il est malséant d’épargner sordidement, même en respectant la justice.

Tradução:

Amar o dinheiro infringindo a justiça é ímpio, sem a infringir é feio: porque é impróprio economizar sordidamente, mesmo respeitando a justiça.

45 Ce ne sont pas des fanfarons, ni des artistes du verbe, ni des gens qui font étalage de la culture (paideia) jugée enviable par la foule, que forme l’étude de la nature, mais des hommes fiers et indépendants, et s’enorgueillissant de leurs biens propes, non de ceux qui viennent des circonstances.

Tradução:

Não são os fanfarrões, nem os artistas do verbo, nem as pessoas que fazem exposição da cultura, julgados invejáveis pela multidão, que formam o estudo da natureza, mas de homens orgulhosos e independentes, e que se orgulham de seus bens próprios, não os que vêm das circunstâncias.

52 L’amitié mène as ronde autour du monde habité, comme un héraut nous appelant tous à nous réveiller pour nous estimer bienheureux.

Tradução:

A amizade ronda em torno do mundo habitado, como um arauto chamando à todos nós a despertar para nos considerar bem-aventurados.

67 Une vie libre ne peut pas acquérir de grandes richesses, parce que la chose n’est pas facile sans sa faire le serviteur des assemblées populaires ou des monarques, mais elle possède tout dans une abondance incessante ; et s’il lui arrive de disposer de grandes richesses, facilement aussi elle les distribue, en vue de la bienveillance du voisin.

Tradução:

Uma vida livre não pode adquirir grandes riquezas, porque não é fácil faze-lo sem se tornar (fazer) servo das assembléias populares ou dos monarcas, mas ela (a vida livre) possui tudo em uma abundância incessante; e se chega a ter grandes riquezas, facilmente também às distribui, em vista da benevolência do vizinho.

78 L’homme bien né s’adonne surtout à la sagesse et à l’amitié : desquelles l’une est un bien mortele, l’autre un bien immortel.

Tradução:

O homem bem nascido se devota, sobretudo, à sabedoria e a amizade: dos quais, um é um bem mortal, o outro um bem imortal.

Obs: As Sentenças Vaticanas aqui postas foram retiradas da obra de M. Conche: Epicure: lettres et maximes. Paris: éd. De Megare,1977.