segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Divagações

Um suor frio e pastoso descia pela minha face. Sentia todos os poros da minha pele se desobstruindo para a passagem do líquido que deveria resfriar meu corpo, mas que só aumentava a minha agonia. O balanço do ônibus lotado de gente, a fumaça dos veículos que transportavam pessoas que também não sabiam nada sobre o absurdo da vida, faziam-me ter ânsia de vômito. “Se pensar no vômito talvez vomite mesmo”, pensei. O pescoço dolorido do livro que estava lendo... O sol da tarde que me doía os olhos e a cabeça... Uma soma de fatores que me fizeram pensar na dor imensa que é suportar o próprio corpo:
Que equilíbrio que nada! Sempre falta ou sobra. Sempre dói... E ainda tem a sombra da morte para causar mais desassossego e ao mesmo tempo o consolo destes! Tudo isto soa tão absurdo, mas agora não sei se absurdo é a vida ou a lógica que me diz que a vida não tem lógica. Será que o conjunto de conhecimentos alcançados pela humanidade não dizem nada de verdadeiro? Será que a verdade não se encontra justamente onde todos não a buscaram, a saber, na ignorância?
Não penso com liberdade, penso com palavras. Mas por que, se as palavras foram feitas para serem faladas e não pensadas? Que diabos de Logos é esse que não consigo pensar fora dele?! Quando penso numa cor, a palavra parece que precede a imagem da cor. Só quando não sei o que alguma coisa é tenho liberdade para pensá-la, pensar o que ela é sem as delimitações da palavra. Assim que percebo algo conhecido quero defini-lo para não me ocupar de pensá-lo.
Quero fugir da palavra pensada, só usa-la para dizer, para meramente indicar. Não existe uma essência, ela é apenas uma delimitação do próprio pensamento e não algo objetivo, considerando que a dita realidade, nada mais é, do que os limites do nosso pensamento...
Pedi parada e desci do ônibus como se tivesse enjoado de um entretenimento qualquer.